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Suzantur desvia 18 ônibus da frota de Mauá para Diadema

Empresa opera nas duas cidades, mas há seis meses desfalca um município para atender outro

Aline Melo Do Diário do Grande ABC

Passageiros que usam o sistema municipal de transporte de Mauá, operado em regime de monopólio pela Suzantur, tem esperado mais tempo no ponto pelos coletivos. Desde setembro de 2020, quando assumiu a operação da empresa Benfica, a Suzantur mandou para Diadema 18 ônibus da frota mauaense. O Diário mostrou em 13 de fevereiro que a Suzantur se prepara para assumir todo o sistema de transporte municipal de Diadema, após comprar a concessionária MobiBrasil. Em 2020, a empresa começou a atuar no município diademense, inicialmente com oito itinerários.

Não cumprir com a quantidade de coletivos rodando de acordo com o contrato firmado com a Prefeitura de Mauá não é inédito na história da Suzantur. Desde 2018 o Diário vem denunciando que a empresa opera no município com menos do que os 248 ônibus previstos em contrato. Nos anos de 2015, 2016 e 2017, a manobra contou com o aval do ex-prefeito Donisete Braga (Podemos). Em setembro de 2019, a então prefeita interina, Alaíde Damo (MDB), comunicou à Câmara Municipal que a empresa rodava na cidade com 223 coletivos, 25 a menos do que o previsto em contrato. Já em outubro do ano passado, o STF (Supremo Tribunal Federal) determinou que a empresa recomponha a frota em circulação, como está previsto no contrato.

Nas ruas a população paga pela manobra esperando mais tempo no ponto. A vendedora Maria Janaína Alves de Oliveira, 30 anos, usa frequentemente as linhas Cerqueira Leite e Nova Mauá. “Especialmente em horário de pico, a demora entre um ônibus e outro passou de 15 para 30 minutos”, afirmou. “Com certeza, isso tem relação com os ônibus a menos na frota”, completou.

A confeiteira Daniela Santos, 34, também usa a linha Nova Mauá e afirma que tem passado mais tempo aguardando pelo coletivo. “Além de demorar, os ônibus estão sempre cheios. E ainda tiram carro da linha”, reclamou. O jardineiro Francisco Marques Ferreira, 34, também notou maior tempo de espera para conseguir pegar a Linha Zaira 5. “Tem dia que fico até meia hora, sendo que antes era coisa de dez,15 minutos”, pontuou.

Mesmo com veículos a menos do que deveria e com parte da frota circulando em Diadema há seis meses, sem que tivesse sido feito investimento na nova operação, a Suzantur reivindicou na Justiça que a Prefeitura de Mauá pagasse R$ 20,8 milhões para compensar os prejuízos que a empresa teve entre abril de 2020 e janeiro de 2021, desde quando começou a pandemia de Covid. A juíza Julia Gonçalves Cardoso, da 3ª Vara Cível de Mauá, acolheu pedido, mas considerou como obrigação o valor calculado pela administração municipal no período citado, de R$ 9,1 milhões.

A Prefeitura de Mauá terá que repassar, por nove meses, o montante de R$ 1 milhão, a partir de março, a título de reposição de perdas econômicas por causa da redução do fluxo de passageiros ocasionada pela pandemia do novo coronavírus. Se não pagar, a Prefeitura corre o risco de ter suas verbas públicas bloqueadas.

Questionada sobre ter em sua cidade parte da frota de outro município, a Prefeitura de Diadema informou, por meio de nota, que a solicitação da empresa de ônibus que trata da referida cessão encontra-se em análise na área técnica da Secretaria de Transportes e que todas as condições contratuais serão exigidas em caso de deferimento do pleito, inclusive no que diz respeito à frota e todas as características técnicas exigidas. “Sobre a operação da empresa em outro município, não temos informações e nem nos compete inferir a respeito”, concluiu o comunicado.

Procuradas, a Prefeitura de Mauá e a Suzantur não se manifestaram até o fechamento desta edição.



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