Monitoramento em redes sociais, denúncias recebidas da população e patrulhamento constante são as estratégias da Guarda Civil de Araraquara.
© Divulgação @CANAL NBS POR FOLHAPRESS RIBEIRÃO PRETO, SP - A pandemia da Covid-19 tem feito com que muitos organizadores de festas clandestinas desafiem a fiscalização, transferindo eventos de lugar para driblar equipes de combate aos eventos e recebendo fiscais a tiros.
É o que tem ocorrido em Araraquara (a 273 km de São Paulo), onde uma força-tarefa que envolve equipes da Guarda Civil Municipal, das Vigilâncias Sanitária e Epidemiológica, do Procon, do setor de posturas e da sala do empreendedor, com apoio da Polícia Militar, tem atuado para coibir festas clandestinas até mesmo em meio a lavouras de cana-de-açúcar.
Monitoramento em redes sociais, denúncias recebidas da população e patrulhamento constante são as estratégias que as equipes adotaram para coibir as festas na cidade que se tornou símbolo no estado do avanço da variante brasileira do coronavírus, considerada mais agressiva e apontada como responsável pelo crescimento expressivo da doença entre pessoas com menos de 40 anos.
São registrados com frequência problemas com festas clandestinas em bares e reuniões em áreas de lazer e chácaras, mas os pancadões preocupam mais devido às grandes aglomerações formadas. Seis em cada dez casos do novo coronavírus atingem pessoas de 20 a 49 anos na cidade.
O principal problema nas últimas semanas está no bairro Monte Carlo, onde centenas de jovens se reuniam para pancadões, desafiando os decretos de restrições mesmo durante o lockdown do prefeito Edinho Silva (PT), decretado na cidade entre o fim de fevereiro e início de março.
"Já é a terceira semana seguida que ocupamos o espaço e eles migram para o interior de estradas de terra, para o meio do canavial", afirmou o secretário da Segurança Pública de Araraquara, João Alberto Nogueira Junior.
Com a transferência dos eventos para estradas de terra cercadas de lavouras de cana-de-açúcar, a fiscalização também foi obrigada a migrar, ampliando a área de atuação.
"Até disparo de arma de fogo houve contra a polícia antes, mas foram dispersados e não realizaram o evento", disse o secretário. A avaliação de Nogueira Junior é que as ações têm dado resultado, já que não há por enquanto a tentativa de realização do pancadão neste final de semana.
As pessoas e veículos envolvidos foram identificados e enviados para a Polícia Civil, para a apuração de crime contra a saúde pública.
No último fim de semana, foram registradas infrações em chácaras no Portal das Laranjeiras e no Parque Tropical, além de auto de infração e duas multas a um dono de bar que fazia festa clandestina com música ao vivo.
As equipes da força-tarefa tiveram de ir duas vezes ao local, durante a tarde e a noite de domingo, para conseguir dispersar todas as pessoas que participavam do evento.
A cidade, a primeira a decretar lockdown, ainda em fevereiro, por conta da explosão de casos, internações e mortes, colocou em vigor na última segunda (24) um decreto que estipula índices para a adoção de restrições no comércio e até mesmo um novo lockdown.
Se o total de casos positivos da Covid-19 ultrapassar 30% dos pacientes sintomáticos testados (ou 20% nos testes em geral, incluindo assintomáticos) por três dias seguidos ou cinco alternados em uma semana, o atendimento presencial no comércio será suspenso por no mínimo sete dias. A volta só acontecerá depois de três dias seguidos com índices abaixo de 20% (sintomáticos) ou 15% (na testagem geral).
Além disso, quando a positividade atingir 20% dos sintomáticos, o que ocorreu na quinta (27), um alerta será emitido pela prefeitura. Nesta quinta, foram 61 casos, 9,7% dos 628 exames feitos. Considerando somente os sintomáticos, que procuraram os serviços de saúde, o índice alcançou 20,2% das 291 amostras –as demais fazem parte de um programa de testagem em massa da prefeitura.
"A cidade sabe exatamente o que precisa fazer para evitar o lockdown, e também sabe o que precisa fazer para retornar as atividades econômicas", afirmou o prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT).
A proposta do decreto é um pacto social feito com a cidade, diz ele. "Se chegar perto [de um lockdown] foi porque o índice aumentou. Para abrir, tem de baixar o índice de positividade."
Edinho afirmou que a ampliação das testagens integra um plano que contempla as blitze da força-tarefa e barreiras sanitárias.
"Vamos testar todos os segmentos econômicos, todas as regiões da cidade. Infelizmente tudo com recursos próprios. Estamos gastando recurso próprio para enfrentar a pandemia, infelizmente sem nenhum repasse para essa política."
Além de Araraquara, outras cidades do interior paulista implantaram equipes específicas para combater as festas clandestinas e irregularidades ligadas às medidas de contenção da pandemia.
Em Franca (a 400 km de São Paulo), logo no primeiro dia de um lockdown de 15 dias iniciado nesta quinta-feira (27), a Patrulha Covid interditou uma festa particular.
O cenário da pandemia na cidade é crítico, já que há 59 pacientes no pronto-socorro Álvaro Azzuz aguardando vaga de transferência para hospitais, 47 deles para UTIs. Dez deles estão intubados.
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