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Sequestro em ônibus no Rio: criminoso atirou em passageiro achando que ele era um policial à paisana

A vítima, de 34 anos, precisou passar por cirurgia no Hospital municipal Souza Aguiar


REDAÇÃO NBS

Nesta terça-feira o vaivém da Rodoviária do Rio, que recebe cerca de 30 mil passageiros todos os dias, foi interrompido por um sequestro no ônibus que tinha por destino Juiz de Fora, Minas Gerais, e partiria às 14h30. Paulo Sérgio Lima, de 29 anos, admitiu que integrava o tráfico na Muzema, na Zona Oeste do Rio. No último domingo ele esteve na Rocinha, onde morava, para pagar dívidas e se desentendeu com outro criminoso que disparou contra ele e errou. Em resposta, o sequestrador disparou de volta e baleou o bandido. Com medo das reações do tráfico local decidiu fugir para o estado mineiro, mas antes da partida — durante um pane no sistema do ônibus — atirou em um passageiro achando que ele era um policial à paisana.

Quando Paulo Sérgio Lima foi levado para a 4ª DP (Praça da República), uma de suas vítimas, Bruno Lima da Costa Soares, de 34 anos, lutava pela vida em cirurgia no Hospital municipal Souza Aguiar. Ele foi baleado no tórax e no abdome. Outra pessoa foi atingida por estilhaços e atendida no local. A combinação do barulho de tiros com multidão resultou em desespero: sem saber o que estava acontecendo, trabalhadores e usuários da rodoviária corriam a esmo, em busca de alguma proteção. Logo caíram nas redes sociais cenas de pavor: “é o tiro, o tiro, cara. Vem, vem”, diz uma mulher, em vídeo.

— A gente se abaixou no chão com muito medo, estava embarcando minha filha. Foi muita tensão, gente atropelando gente — disse Valdineia Santos de Sousa Corrêa.

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Vitor Peixoto, de 41 anos, estava chegando do Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, quando esbarrou com o caos na frente da rodoviária. A viagem para visitar a família no interior do Rio, em Barra do Piraí, estava marcada para as 19h, mas, diante do cenário encontrado, o militar do Exército não tinha certeza se conseguiria embarcar:

— Não tenho onde ficar, vou ter que procurar um hotel por aqui e ver se colocam a minha passagem pelo menos para amanhã. É difícil, um gasto e uma situação que a gente não espera, ficamos perdidos.

O Corpo de Bombeiros foi acionado para a emergência às 15h. Em seguida, agentes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) iniciaram as negociações com o suspeito e, ao mesmo tempo, passaram a orientar os presentes a deixar o terminal.

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Sem saber o que fazer — ou para onde ir, já que muitos estavam de partida da cidade —as pessoas se amontoavam na calçada, diante de um grande engarrafamento proporcionado por interdições feitas pelos policiais: até o espaço aéreo sobre a rodoviária foi fechado. O tempo médio para atravessar a Ponte Rio-Niterói, próxima da rodoviária, de 13 minutos, chegou a 33 minutos, no sentido de Niterói, e 55 minutos, rumo ao Rio.

Dentro da rodoviária, os policiais se organizavam para agir sem ameaçar a integridade física dos reféns. Negociadores entraram em ação, e até um outro coletivo foi posicionado na plataforma central para bloquear a visão do ônibus onde estavam os reféns.

Daiana Carelli, de 34 anos, nascida em Juiz ade Fora, era uma das passageiras do ônibus, mas conseguiu deixar o veículo antes que o sequestro tivesse início. Nas redes sociais, ela relatou que vivenciou.

— Só para avisar vocês que eu estou bem. Eu saí minutos antes do cara atirar dentro do ônibus — disse, em vídeo publicado em sua conta no Instagram: — Tirei uma foto para mandar para um amigo, e só vi os tiros comendo lá dentro, o vidro quebrando. Deu tempo de correr. E aí eu deitei na primeira rampa que tinha. Passou um tempinho e a polícia chegou e teve nova troca de tiros.

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A carioca Priscila de Andrade Timótheo, de 36 anos, não teve a mesma sorte de Daiana. Dentro do ônibus, no momento dos disparos, gravou um vídeo e enviou para a irmã. Nas imagens, compartilhadas pelo cunhado nas redes sociais, aparece chorando. Ao fim da ocorrência, telefonou para a família:

— Ela ligou e disse: “Só pensei nos meus filhos” — contou Isaias Henrique, cunhado de Priscila.

Ouvido informalmente ao ser preso pela polícia, Paulo Sérgio Lima admitiu que integra o tráfico na Muzema, na Zona Oeste do Rio. No último domingo, conta, ele esteve na Rocinha, onde morava, para pagar dívidas em bares. Durante a visita, disse que se desentendeu com outro criminoso, que atirou contra ele e errou. Em reação, o sequestrador teria disparado de volta e baleado o bandido. Temendo retaliações, passou dois dias escondido em hotéis e decidiu fugir para Minas Gerais.

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Já na rodoviária, ao pegar um maço de dinheiro para pagar a passagem, julgou ter chamado atenção para si. Dentro do ônibus, quando o motor apresentou problema e desligou, acreditou que policiais estavam vindo prendê-lo. Paulo afirma que tentou, então, entregar a arma para outro passageiro, mas um dos presentes se assustou e ele acabou atirando.

O sequestrador também contou que, enquanto estava no coletivo, pegou o celular de uma passageira para pesquisar o que estava sendo publicado sobre a ocorrência. Em seguida, gravou um vídeo no celular da refém informando que iria se entregar.

A Rodoviária foi reaberta às 19h25. Em nota, informa que “aqueles passageiros que foram prejudicados pelo fechamento do terminal nesta terça-feira poderão remarcar as passagens, sem pagar multa. Para isso, basta entrar em contato com a empresa de ônibus”.




Paulo Sérgio já foi condenado por roubo majorado — quando há circunstâncias agravantes, como uso de violência — em Minas Gerais. Esse era o estado para onde ele tentava fugir quando realizou o sequestro de um ônibus de viagem na Rodoviária do Rio.



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