O longa-metragem, “A Fúria”, do cineasta Ruy Guerra, será lançado em 2023.
Após o vazamento de imagens do filme “A Fúria”, que mostra um personagem semelhante ao presidente Jair Bolsonaro caído e ensanguentado ao lado de uma moto, a produção emitiu um comunicado, em que afirma que a cena foi divulgada sem autorização e fora de contexto. O longa-metragem, do cineasta Ruy Guerra, será lançado em 2023.
“Circula na internet uma imagem captada sem autorização de uma filmagem à qual atribui-se suposto e infundado discurso de ódio. Ruy Guerra filmou um longa-metragem de ficção que será lançado no final de 2023, portanto não há qualquer relação com o processo eleitoral e, muito menos, forjar fake news simulando um fato real”, diz a nota da produção.
“O fato ilegal neste caso é a divulgação de uma cena retirada do contexto da história que será contada. Esclarecidos estes fatos, o diretor Ruy Guerra avisa que só fala de seu filme quando estiver pronto, como ele sempre faz.”
Durante o sábado (16/7), vários apoiadores de Bolsonaro publicaram as imagens, afirmando que se tratava de um incentivo à violência contra o presidente. Alguns pregaram censura – “Cenas como estas são repugnantes e não podem ser toleradas!”, comandou a ministra Damares Alves, fazendo propaganda das cenas. Mario Frias aproveitou para atacar a Globo com fake news ao dizer que era “lamentável, mas não inesperado, que o grupo Globo esteja por trás disso”. E o Ministro da Justiça, Anderson Torres, que anteriormente tentou restaurar a censura no Brasil, informou ter determinado que a Polícia Federal investigasse a produção.
“Circulam nas redes fotos e vídeos de um suposto atentado contra a vida do presidente Bolsonaro. Produção artística??? Estamos estudando o caso para avaliar medidas cabíveis e apurar eventuais responsabilidades. As imagens são chocantes e merecem ser apuradas com cuidado”, afirmou Torres, durante o sábado.
“A Fúria” faz parte da trilogia composta por “Os Fuzis” (1964) e “A Queda” (1977), e acompanha o personagem dos dois filmes anteriores, Mario, originalmente vivido pelo falecido Nelson Xavier. Preso durante a ditadura militar, ele “sai da cadeia já velho, para ajustar contas com sua história, de acordo com a sinopse. O elenco conta com Lima Duarte, que apareceu em “A Queda”, e Paulo César Pereio, integrante de “Os Fuzis”, entre outros.
Clássicos do Cinema Novo, “Os Fuzis” (1964) e “A Queda” (1977) foram ambos premiados com o Urso de Prata no Festival de Berlim.
Além destes filmes, Ruy Guerra também dirigiu “Os Cafajestes” (1962), famoso por inaugurar o nu frontal no Brasil, sem esquecer adaptações de obras de Chico Buarque (“Ópera do Malandro” e “Estorvo”), Gabriel Garcia Marquez (“Erêndira”), e Antonio Callado (“Kuarup”), entre muitas outras produções. Sua longa e premiada carreira continua prestigiada até hoje. O lançamento mais recente do cineasta de 90 anos, “Aos Pedaços”, recebeu três prêmios, inclusive o de Melhor Direção no Festival de Gramado de 2020.
Ficou bem conveniente o vazamento, dada a época do vazamento comparado a época que será lançado o filme, e a aparência do personagem. Claro, existe um trem chamado "licença poética" também, né. Mas mais ainda, contexto.
Mas orra, flechada no pescoço... arrrgh.