Ex-vereador suspeito de envolvimento com milícias foi executado em Guadalupe, na Zona Norte
CANAL NBS
Um grupo de homens armados matou a tiros o ex-vereador Jair Barbosa Tavares, conhecido como Zico Bacana, e o irmão Jorge Tavares nesta segunda-feira (7) no Rio de Janeiro. Eles estavam em um estabelecimento comercial no bairro de Guadalupe, Zona Norte da capital fluminense, quando um veículo parou em frente ao local e os criminosos atiraram contra eles. Em nota, a Polícia Militar disse que uma terceira pessoa, ainda não identificada, também morreu no ataque.
Um crime brutal e covarde
Zico Bacana tinha 53 anos e chegou a ser investigado na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das milícias, acusado de chefiar um dos grupos criminosos. Ele negou a acusação na época. Ele também depôs como testemunha nas investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco em 2018.
O ex-vereador se identificava como paraquedista e policial militar. Ele foi vereador do Rio de Janeiro entre 2017 e 2020, pelo Podemos. Em 2020, ele sofreu uma tentativa de assassinato. Segundo ele, a bala passou de raspão na cabeça e ele escapou por pouco. Nas redes sociais, ele se apresentava como liderança comunitária em bairros da Zona Norte, mesmo sem ocupar cargo público. Nas últimas publicações, ele aparece ao lado do prefeito Eduardo Paes e do deputado federal Pedro Paulo em ruas de Guadalupe, para ouvir demandas de urbanização da região.
O irmão dele, Jorge Tavares, era comerciante e dono do estabelecimento onde ocorreu o crime. Ele era casado e tinha dois filhos. Segundo testemunhas, ele tentou proteger o irmão dos tiros, mas não resistiu aos ferimentos.
A terceira vítima do ataque foi um homem que estava no local e foi atingido por uma bala perdida. Ele não teve a identidade revelada, mas seria um cliente do estabelecimento. O Corpo de Bombeiros socorreu ele, mas ele morreu a caminho do hospital.
Uma investigação complexa e delicada
A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) registrou o crime e instaurou um inquérito para apurar as circunstâncias e a autoria do ataque. A polícia informou que já realizou a perícia no local e que está ouvindo testemunhas e analisando imagens de câmeras de segurança da região.
A polícia também disse que uma das linhas de investigação é a de que o crime tenha sido motivado por uma disputa entre milícias que atuam na Zona Norte do Rio. Zico Bacana era suspeito de integrar uma dessas milícias, que seria rival de outra liderada por Wellington da Silva Braga, o Ecko, morto em junho deste ano em uma operação policial.
Outra hipótese é a de que o crime tenha sido uma retaliação política ou pessoal contra Zico Bacana, que tinha muitos inimigos e desafetos na região. A polícia não descarta nenhuma possibilidade e trabalha com várias frentes de investigação.
O delegado Antônio Ricardo Lima Nunes, titular da DHC, disse que o crime foi “um atentado à democracia” e que a polícia vai fazer tudo para esclarecer o caso e prender os responsáveis.
Uma repercussão nacional e internacional
A morte de Zico Bacana e do irmão repercutiu na mídia nacional e internacional, e gerou reações de diversos setores da sociedade. Alguns políticos lamentaram a morte do ex-vereador e pediram justiça para o caso. Outros criticaram a violência no Rio e cobraram medidas para combater as milícias.
O prefeito Eduardo Paes disse que ficou “muito triste” com a notícia e que Zico Bacana era um “amigo de longa data”. Paes disse que o ex-vereador era um “homem do bem” e que tinha um “trabalho social reconhecido” na Zona Norte. Paes também disse que espera que a polícia esclareça o crime e puna os culpados.
O deputado federal Pedro Paulo, que aparece em fotos com Zico Bacana nas redes sociais, disse que o ex-vereador era um “parceiro” e que tinha um “legado de luta” pelas comunidades. Pedro Paulo disse que o crime foi “bárbaro” e que a violência no Rio é “inaceitável”. Pedro Paulo também disse que confia no trabalho da polícia e da Justiça.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também se manifestou sobre o caso e disse que a morte de Zico Bacana é mais um “exemplo da barbárie” que assola o Rio. Lula disse que o ex-vereador era um “representante do povo” e que a sua morte é uma “perda para a democracia”. Lula também disse que espera que a polícia solucione o caso e que os assassinos sejam presos.
Já o governador Cláudio Castro (PSC) não se pronunciou sobre o caso até o momento. Ele está em viagem oficial aos Estados Unidos, onde participa de uma missão empresarial para atrair investimentos para o Rio. Castro tem sido criticado por sua postura diante da violência no estado, especialmente após a operação policial no Jacarezinho, que deixou 28 mortos em maio deste ano.
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