Em operação no Rio Grande do Sul, a Polícia Civil do DF cumpriu três mandados de prisão temporária, além de cinco de busca e apreensão e três de sequestro de bens
CANAL NBS
Três pessoas foram presas temporariamente, na manhã desta terça-feira (26/4), em Canoas, no Rio Grande do Sul. Segundo as investigações da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), os indivíduos fazem parte de uma associação criminosa responsável por golpes do consignado, fazendo vítimas no DF e em outras unidades de Federação.
Além dos três mandados de prisão temporária, a equipe da 9ª Delegacia de Polícia (Lago Norte) com o apoio da Polícia Civil do Rio Grande do Sul (PCRS) cumpriu outros oito mandados judiciais, sendo cinco de busca e apreensão e três de sequestro de bens. O objetivo da operação policial é desarticular a quadrilha.
De acordo com as investigações, o esquema funcionava por meio de uma empresa de fachada montada pelos criminosos para efetivar contratos com grandes instituições financeiras e funcionar como correspondentes bancários. Com o acesso à informação privilegiada dos próprios bancos e da "darknet", os suspeitos descobriam os dados pessoais de pessoas que já possuíam empréstimos consignados.
Com os dados das vítimas em mãos, a quadrilha fazia contato por WhatsApp para oferecer a portabilidade dos créditos para outros bancos com taxas de juros reduzidas. As vítimas eram iludidas pelas propostas, autorizavam a transação e repassavam os dados e cópias de documentos aos criminosos. Com isso, os golpistas contratavam a liberação de outros empréstimos consignados.
Os valores dos novos empréstimos eram depositados na conta da vítima, que era induzida a pagar um boleto sob o pretexto de quitação do crédito original com taxas mais atrativas. Os golpistas mandavam um boleto falso com os dados do banco, mas o código de barras indicava a conta de "laranjas'. Sem perceber ou desconfiar, a vítima pagava o boleto pensando que estava quitando o consignado original para portabilidade, mas estava transferindo os valores dos novos empréstimos para a conta dos criminosos.
Depois de aplicar o golpe, os criminosos bloqueavam a vítima no WhatsApp, a deixando com duas dívidas: a original e as outras obtidas pelos criminosos. Uma das vítimas do DF acabou com uma dívida de R$ 200 mil, por conta do consignado original de R$ 50 mil e outros dois feitos pelo grupo nos valores de R$ 50 mil e R$ 100 mil.
Os descontos do empréstimo consignado são efetivados diretamente na folha de pagamento. Com isso, as vítimas acabavam com a própria subsistência comprometida. Elas não conseguem cancelar o empréstimo no banco e são obrigadas a pagar algo que não contrataram.
Investigação
Ao localizar a origem das mensagens, a PCDF descobriu que o grupo estava em Canoas (RS), a mais de 2 mil km da capital. Segundo a investigação, os criminosos sempre escolhiam vítimas de outros estados, justamente para dificultar a apuração policial. Em Canoas, os golpistas tinham uma sala alugada e funcionários. Os suspeitos usavam o local para procurar as vítimas em todo território nacional.
Segundo os agentes que cumpriram os mandados de prisão nesta manhã, os criminosos custaram a entender que os policiais que estavam entrando nas casas eram da PCDF em decorrência de vítimas do grupo que residem na capital.
Na operação, foram cumpridos mandados contra o proprietário da empresa de fachada e contra as duas principais pessoas responsáveis pelo recebimento dos valores desviados. Ao todo, foram efetivamente bloqueados nas contas encontradas cerca de R$ 130 mil, além de documentos e celulares apreendidos que serão analisados pela polícia para dimensionar o tamanho do grupo e localizar eventuais outras vítimas.
Os criminosos serão indiciados pelos crimes de associação criminosa, lavagem de dinheiro e fraude eletrônica. Com as penas somadas, os golpistas podem pegar 21 anos de reclusão.
Alerta
De acordo com a PCDF, os golpes do consignado têm se tornado epidêmico no DF e em outros estados. Seguindo o modelo utilizado pelos criminosos, existem diversos grupos efetuando o mesmo golpe. Em posse de informações privilegiadas, os estelionatários passam a assediar as vítimas com promessas de melhores taxas de juros e parcelas mais baixas.
A polícia alerta a sociedade para esses contatos via WhatsApp, destacando a importância de buscar, pessoalmente no banco, a confirmação dessas propostas antes de efetivar transferências. É também muito importante não se deixar enganar pelas aparências. Em um boleto bancário, o que vale são as informações contidas no código de barras. Antes de pagar, o indivíduo deve verificar no leitor o verdadeiro beneficiário.
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