Há duas semanas após as fortes chuvas que deixaram mais de 220 mortos em Petrópolis, 875 pessoas que tiveram as casas destruídas continuam sem saber como poderão reconstruir a vida
CANAL NBS (crédito: CARL DE SOUZA)
Passados 12 dias desde que Petrópolis, cidade na região serrana do estado do Rio de Janeiro, foi atingida por um temporal, em 15 de fevereiro, ainda há 875 pessoas nos abrigos montados pela prefeitura em 13 escolas da cidade — sem, que elas saibam, até o momento, para onde ir.
O cenário não é uma novidade para a cidade. Há 11 anos, outra tragédia deixou 71 mortos em Petrópolis e mais de 900 na Serra Fluminense, a maioria em Nova Friburgo, 428 mortos, e Teresópolis, 387, de acordo com o Atlas Brasileiro de Desastres Naturais.
A freqüência com que desastres climáticos desse tipo ocorrem mostra que eles poderiam ser evitados ou ter suas conseqüências minimizadas. De acordo com um dos coordenadores da Rede Clima (Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais), o geólogo Saulo Rodrigues, é preciso trabalhar na linha da prevenção.
"Muitas famílias estavam morando ali, nas áreas de risco, devido à crise brasileira, que se expandiu em 2021. São 875 pessoas sem ter onde morar e que não podem voltar a construir as casas onde estavam. Elas estão totalmente na mão do governo, que, até o momento, não trouxe uma solução", explicou.
O geólogo afirmou que a única solução para que os desmoronamentos não ocorram é o reflorestamento. "É preciso um programa para reflorestar as encostas das regiões serranas, para que elas fiquem menos vulneráveis". Segundo Rodrigues, não é apenas em Petrópolis que precisa ser realizado o reflorestamento, mas em todas as cidades que possuem construções em lugares de risco, como os morros. "Desta forma é possível reduzir o perigo."
Procurada, a prefeitura de Petrópolis não respondeu aos questionamentos encaminhados pelo Correio.
Para amenizar o sofrimento das famílias que estão desabrigadas, a Caixa Econômica Federal (CEF) liberou na última semana o saque-calamidade do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para as vítimas dos deslizamentos em Petrópolis.
O número de mortos na tragédia chega a 229, com 20 pessoas ainda desaparecidas. A identificação dos mortos é feita pela equipe técnica e científica da Polícia Civil. Até o momento, foram encontrados os corpos de 132 mulheres e 91 homens, sendo 43 de menores de idade. Os peritos também realizam análises de DNA em despojos recuperados pelas áreas afetadas.
Equipes da Cruz Vermelha atenderam 240 pessoas, com apoio psicossocial e entrega de donativos como roupas, alimentos, lanches para crianças e brinquedos. O Corpo de Bombeiros do Rio concluiu, na tarde de ontem, a busca por vítimas no Morro da Oficina, uma das áreas mais atingidas e com maior número de vítimas.
POR CORREIO BRAZILIENSE
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