Com 100% de ocupação em leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) há uma semana, Araraquara soma 113 mortes confirmadas pela doença em janeiro e fevereiro, ante as 92 registradas entre março e dezembro do ano passado
© Getty Images- Imagem ilustrativa POR FOLHAPRESS As internações e mortes provocadas pelo novo coronavírus dispararam em fevereiro em Araraquara (a 273 km de São Paulo) após a detecção da nova variante da doença na cidade, o que obrigou prefeitura e estado a anunciarem a criação de mais leitos na região para atender as pessoas infectadas.
Com 100% de ocupação em leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) há uma semana, Araraquara soma 113 mortes confirmadas pela doença em janeiro e fevereiro, ante as 92 registradas entre março e dezembro do ano passado, e é um exemplo completo do pior momento da pandemia vivido no país.
Superlotação em hospitais, filas por vaga em leitos de UTI e o risco iminente de colapso na rede de saúde viraram cena rotineira nos estados brasileiros nos últimos dias. Recordes de média móvel de óbitos e a maioria dos dias com mais mortes na pandemia foram registrados em 2021.
Das 113 mortes em Araraquara neste ano, 89 foram registradas nos 28 dias de fevereiro, o que dá uma noção da gravidade do cenário na cidade, que está em lockdown.
A variante do coronavírus detectada em Manaus começou a circular na cidade do interior paulista entre o fim de janeiro e o início de fevereiro. A suspeita surgiu porque profissionais de saúde perceberam a alta acentuada de contaminações e complicações da doença também em pessoas mais jovens, de até 26 anos.
A confirmação ocorreu no último dia 12, após amostras terem sido colhidas em pacientes leves, moderados e graves internados na cidade.
No ano passado, apenas uma pessoa com menos de 40 anos morreu vítima da Covid-19, enquanto neste ano já são 9 os óbitos com idades abaixo dessa faixa etária.
O avanço fez prefeitura e estado anunciarem neste domingo (28) a implantação de mais 40 leitos na região de Araraquara, sendo 20 no Hospital Estadual de Américo Brasiliense (10 de UTI), 14 de enfermaria no Hospital Nestor Goulart Reis, na mesma cidade, e outros 6 leitos de enfermaria em Araraquara.
Os novos leitos se somarão aos 70 que o estado autorizou neste mês, dos quais 50 estão em operação no hospital de campanha -20 estão em fase de instalação.
A cidade permitiu a reabertura neste sábado (27) de supermercados, mas tem pedido às pessoas para que mantenham o isolamento ao menos até terça-feira (2), quando serão completados dez dias da implantação do lockdown no município.
"Araraquara precisa cumprir ao menos dez dias de isolamento total, para que seja evitado o colapso do sistema de saúde. O décimo dia do lockdown será na próxima terça.
Até lá, o comitê orienta que a população só saia de casa se for caso de extrema necessidade e sempre com máscara cobrindo o nariz e a boca", diz trecho de comunicado da prefeitura sobre a situação epidemiológica no município.
Secretário da Segurança Pública e responsável pela fiscalização ao cumprimento das medidas restritivas, João Alberto Nogueira Junior disse que a cidade vive um iminente colapso na saúde e que é preciso que a população compreenda que a única forma cientificamente comprovada de controlar a pandemia é com o isolamento social. "Se ela tiver de sair, tem de ter a preocupação de usar máscaras e álcool em gel", disse.
A situação fez com que o Exército fosse acionado para sanitizar locais de grande passagem de pessoas em Araraquara, processo que foi iniciado terça-feira (23) e concluído neste domingo.
O que ocorre em Araraquara não é um caso único no interior paulista. Em Dracena (a 638 km de São Paulo), a prefeitura passou a divulgar, além do total de novos casos e óbitos, o tamanho da fila de espera para transferência hospitalar e a registrar a morte de pessoas mais jovens. Jeneffer Giló Pena, por exemplo, morreu aos 30 anos.
Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), que tem recebido pacientes que não conseguem vagas em Araraquara, tem neste domingo 172 pessoas internadas com Covid-19 nas UTIs de dez unidades hospitalares públicas e privadas. Em enfermarias, há outras 110.
A ocupação nas UTIs está em 81,5% (são 211 leitos), graças ao incremento de leitos desde o início do ano. Na primeira semana de janeiro, eram 99.
Já em Campinas, quatro dias antes da data prevista para o início das aulas presenciais na rede municipal a prefeitura decidiu adiar para abril, devido ao agravamento da pandemia.
A decisão foi tomada devido à mudança no perfil epidemiológico das vítimas -mais jovens sendo atingidos, assim como Araraquara- e ao índice de ocupação dos leitos de UTI.
Além disso, o impacto que a volta às aulas provocaria na circulação de pessoas e a suspeita de circulação na cidade da nova variante do coronavírus motivaram a decisão.
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