Garoto de 8 anos, do Espírito Santo, foi primeira criança salva pelo Proadi-SUS, pelo qual sete hospitais privados fazem operações complexas
CANAL NBS - POR METROPOLIS
São Paulo – Um menino de 8 anos que pediu ao Papai Noel um coração recebeu transplante do órgão no Hospital Albert Einstein, zona sul de São Paulo, na primeira parceria do procedimento infantil entre sete hospitais filantrópicos e o Sistema Único de Saúde (SUS), como parte do programa Proadi-SUS.
O menino Gladson Garcia Silva foi diagnosticado uma miocardipatia em outubro do ano passado, depois de apresentar perda de apetite, dores na barriga e vômito na casa onde mora com os pais e três irmãos, em São Mateus, no interior do Espírito Santo.
“Ele não teve febre, mas estava cansado o tempo todo e só queria ficar deitado. Chegou uma hora que ele não comia mais e tudo voltava. Levei ele na unidade de saúde. Depois identificaram em ultrassonografia que uma veia do coração estava dilatada”, explicou ao Metrópoles a microempresária Ana Camila da Silva, de 31 anos, mão de Gladson.
Gladson teve de ser internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital particular de Vitória. Lá, a família foi informada de que não havia tratamento para a doença à base de medicamentos e que ele precisaria de um novo coração para sobreviver.
Uma esperança surgiu quando ofereceram à família do menino que ele fosse inscrito na central de regulação de transplantes do Proadi-SUS, como parte de um novo projeto de realizar transplantes infantis de coração.
Inscrito no programa, o menino foi transferido em UTI aérea para o Hospital Albert Einstein no dia 17 de novembro.
“Ele ficou internado em UTI o tempo todo. Teve só um período curto na enfermaria, porque não podia ficar sem aplicação de medicação pela veia. Só estava com 20% do coração funcionando”, lembra a mãe.
Fila de transplante
Em São Paulo, no entanto, o menino contraiu uma virose que, pela fragilidade do seu sistema imunológico, rapidamente evoluiu para uma pneumonia grave, o que fez ele ser retirado temporariamente da fila de transplantes até que melhorasse.
Recuperado, Gladson voltou à fila de transplantes no dia 10 de dezembro.
“Nesse mesmo dia ele fez um pedido para o Papai Noel, de que gostaria de ter um coração novo”, conta a mãe.
O presente de Natal chegou rápido para Gladson.
“Na madrugada do dia 11 de dezembro, o doutor Gustavo Foronda (chefe da cardiologia pediátrica do Hospital Albert Einstein) me ligou e falou que conseguiu o coração. Foi um momento maravilhoso, mágico, que jamais vou esquecer. Ele falou logo em seguida que a cirurgia poderia começar pela manhã e correu tudo bem. Não teve problema nenhum”, conta a mãe de Gladson.
Identificado o doador compatível, a operação correu rápido. O órgão foi transportado de helicóptero de Itapetininga, no interior paulista, para a sede do Hospital Albert Einstein, no Morumbi. O transplante foi um sucesso e ele teve alta hospitalar em 10 de janeiro, mas permanece na capital paulista com a mãe para exames de rotina e acompanhamento.
Responsável pelo transplante, o cardiologista pediátrico Gustavo Foronda já possuía longa experiência em transplantes e pacientes transplantados, pelo Albert Eisntein e pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da USP, mas comemora que o transplante de Gladson, pioneiro pelo Proadi-SUS, possa ajudar a levar mais transplantes infantis de coração para unidades hospitalares do SUS que não tinham as tecnologias ou recursos humanos necessários.
“O objetivo é que a gente aumente progressivamente o número de crianças que tenham acesso a esse tratamento. O primeiro transplante abre portas para que outras instituições façam parcerias, além de disseminar a tecnologia e o conhecimento”, comemora o cardiologista pediátrico ao Metrópoles.
De acordo com Foronda, poucos hospitais públicos no país possuem capacidade de realizar transplantes de coração em crianças – a parceria do SUS com sete hospitais privados ajuda a suprir esse gargalo. Pelo Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), os hospitais participantes substituem o pagamento de alguns impostos pela realização de operações complexas de tratamentos e outros serviços de saúde que não conseguem ser fornecidos integralmente pelo SUS.
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