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“Medo de passar o resto da vida na cadeia”, diz jovem preso por engano

Aderson David de Souza, de 20 anos, foi acusado de ter assaltado um casal na Samambaia. Polícia reconheceu que jovem não participou do crime

CANAL NBS


Após duas semanas, o pesadelo de uma família do Distrito Federal chegou ao fim nesta terça-feira (7/3), quando Aderson David de Souza, de 20 anos, deixou o Complexo Penitenciário da Papuda com alvará de soltura e muita vontade de voltar para casa. O auxiliar de soldador foi preso após ser acusado de assaltar um casal em Samambaia. A Polícia Militar fez uma foto do jovem e mostrou a uma das vítimas, que o confundiu com um dos três criminosos. A liberação ocorreu por decisão da Polícia Civil (PCDF), que reconheceu que houve erro na condução do caso. Justiça manda soltar jovem preso por engano após falha da PMDF em ocorrência


Desde que Aderson foi preso, a família reuniu provas e testemunhas para comprovar que o jovem não estava envolvido no crime. A mãe dele, Edileuza Barbosa de Souza, 41 anos, afirmou que não conseguiu dormir nenhum dia desde que filho foi levado à Papuda. “Não fiquei em paz, porque não tem como ficar. Eu ficava imaginando que meu filho estava lá sofrendo e pagando por um crime que não cometeu. Meu filho nem tem passagens na polícia, não podia sofrer uma injustiça dessas”, disse. Edileuza conseguiu provar, por meio de câmeras de segurança da rua onde o assalto foi cometido e por relatos de testemunhas que estavam com o jovem na hora do crime, que ele não era um dos bandidos. A PCDF afirmou que, assim que tomou conhecimento da “ausência de credibilidade no reconhecimento realizado pelas vítimas”, tomou providência. Aderson conta que sentiu medo nas duas semanas em que ficou preso. Ao Metrópoles, o jovem contou que presenciou várias brigas na prisão e temeu pela vida enquanto estava lá.


“É gente de todo tipo pagando por crime diversos também. Como eu não tinha feito nada, fiquei com medo de passar muito tempo lá. Se não fosse minha família correndo atrás da minha liberdade, eu tenho certeza de que ia ser julgado e condenado e iria passar o resto da minha vida pagando por uma coisa que não fiz”, revelou Aderson.


Em liberdade, o jovem já voltou a trabalhar na manhã desta quarta-feira (8/3). Ele contou ao Metrópoles que temeu perder o emprego por causa da prisão injusta.


“Uma das primeiras coisas que eu pensei quando saí da cadeia é que estava desempregado. Eu estava triste e com medo disso, mas meu colega de trabalho disse que eu poderia continuar como auxiliar e eu já voltei hoje mesmo. É muito gratificante estar na rua, poder sair, trabalhar e ver minha família”, comemorou.


Além do medo do convívio com os detidos, o jovem revelou que sentiu muita fome quando estava preso. “Todos os dias quando entregavam a comida, eu pensava que minha mãe estava em casa fazendo uma comida muito melhor e me dava muita saudade misturada com tristeza”, lembrou.


Edileuza recebeu o filho em casa na terça com os pratos favoritos de Aderson: macarrão, batata frita, feijão tropeiro e arroz. Assalto

O caso ocorreu em 22 de janeiro, por volta das 17h, em Samambaia. Três assaltantes abordaram as duas vítimas e roubaram dois celulares e uma bolsa. A Polícia Militar foi acionada e entrou em duas casas diferentes, onde estariam dois suspeitos. Em uma delas, encontrou Aderson.


Os policiais militares enviaram uma foto dele para a vítima, dona da bolsa, e ela o reconheceu como sendo o assaltante que estava de jaqueta preta e teria puxado sua mochila. Porém, quando a ocorrência passou a ser investigada pela Polícia Civil, os agentes perceberam uma série de equívocos.


Além dos depoimentos, todas as imagens de câmeras que flagraram o trio, comparadas com fotos de Aderson, provam a inocência. No inquérito, a Polícia Civil chega a relatar que “há ausência de credibilidade no reconhecimento realizado pelas vítimas, que se basearam exclusivamente em suas vestimentas, as quais não ostentava quando foi encontrado pelos militares”.


“Pela própria análise das imagens, sem muito esforço, é possível visualizar três indivíduos, um com moletom preto, outro com um moletom azul e o terceiro com um moletom vermelho, que em nada se assemelham a Aderson. Trata-se de indivíduo que não possui antecedentes criminais e com emprego fixo.”


O advogado de defesa do jovem preso injustamente, Walisson dos Reis, afirma que “não se faz justiça cometendo ilegalidade e injustiças em nome do Estado brasileiro”. “O reconhecimento ilegal feito por policiais militares, em enviar a foto dos suspeitos para que as vítimas já soubessem quem iria ser reconhecido, é muito grave e viola decisões de tribunais superiores”, afirmou. POR METRÓPOLES


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