A postura na atual crise se soma a outras prioridades do chefe do Executivo com pouco respaldo científico ou técnico, mas que foram insistentemente citadas em seus dois anos de governo
© Getty Images - Por: Folha Press
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta quarta-feira (23) que a melhor vacina para a Covid-19 é o próprio coronavírus, que já matou mais de 188 mil pessoas no Brasil.
Sem máscara, o presidente cumprimentou apoiadores que, em sua maioria, estavam igualmente sem proteção e se aglomeraram para fotos em São Francisco do Sul (SC), onde ele descansa desde o fim de semana.
Em transmissão ao vivo em sua rede social, Bolsonaro aparece se aproximando de um homem que lhe entrega uma máscara de presente e recomenda que o presidente faça a higienização do item.
"Eu não uso, mas tudo bem", disse Bolsonaro ao receber o item de proteção do apoiador que, assim como ele, estava com boca e nariz expostos.
"Eu tive a melhor vacina, foi o vírus", seguiu o presidente. "Sem efeito colateral", afirmou.
O Brasil registrou 963 mortes pela Covid-19 e 55.799 casos da doença na terça-feira (22). Com isso, o país chegou a 188.285 óbitos e a 7.320.020 de pessoas infectadas pelo novo coronavírus desde o início da pandemia.
Em Santa Catarina, o governo local registrou 468.403 casos e 4.836 mortes na terça-feira. No município visitado pelo presidente foram 3.006 casos e 44 mortes. A população estimada do município, segundo o IBGE, é de 53.746 pessoas.
Na terça-feira, Bolsonaro já havia provocado aglomerações na cidade. O ministro Fábio Faria (Comunicações) e o secretário Jorge Seif (Pesca), que acompanham o presidente na viagem, transmitiram em suas redes sociais a interação de Bolsonaro com pessoas amontoadas na praia. Horas depois, o chefe do Executivo cumprimentou novamente pessoas que se espremiam nas grades para chegar perto do presidente.
Desde o início da pandemia, Bolsonaro e integrantes do governo e de sua base ideológica têm relativizado não só o vírus como também o uso de máscaras.
O presidente também se tornou a principal voz de um movimento contrário à vacinação no país. Ele já disse mais de uma vez que não tomará a vacina e quis impor a obrigatoriedade de um termo de responsabilidade para quem aceitar ser imunizado.
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