Depois de 1.001 noites de suspense, o técnico anunciará hoje, às 13h, os escolhidos para a caça ao hexa no Catar. Entenda por que o controverso Daniel Alves e o lesionado Philippe Coutinho são peças-chave na montagem do elenco
CANAL NBS
Em tempos de Copa do Mundo inédita no mundo árabe, Adenor Leonardo Bachi viverá, nesta segunda-feira (7/11), um dia de Aladdim na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Tite tem até pouco antes das 13h para lustrar a lâmpada mágica pela última vez, escolher 26 jogadores para a caça ao hexa no Catar e pedir aos gênios do futebol que a convocação esteja próxima da perfeição antes de anunciá-la na sede da CBF. O Correio apurou que a lista foi debatida ontem em uma reunião da comissão técnica realizada na casa do treinador.
Até 1998, os treinadores chamavam no máximo 22 jogadores. O número de inscritos subiu para 23 n A o período de 2006 a 2018. Com a pandemia, a Fifa quebrou o galho das 32 seleções e autorizou 26 nomeações. Tite foi um dos que fez campanha pela flexibilização. No caso específico do Brasil, independentemente de 22, 23 ou 26 eleitos, a sensação é quase sempre de insaciabilidade, usando um "titês" bem claro e objetivo.
O técnico da Seleção convocou 122 jogadores desde 16 de junho de 2016, quando herdou a prancheta de Dunga, porém só levará ao Catar 21% dos nomes observados em seis anos e meio de trabalho. Tite certamente tentou evitar, mas não escapará de cometer alguma injustiça.
A maior expectativa é pela convocação (ou não) de Daniel Alves. O lateral-direito de 39 anos viveu um ciclo conturbado. Ausente na Copa da Rússia em 2018 devido a uma lesão, vestiu a camisa de quatro clubes em quatro anos: Paris Saint-Germain, São Paulo, Barcelona e Pumas do México. Foi capitão nas conquistas da Copa América em 2019, no Brasil, e da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020. Hoje, é azarão. Não disputa jogo oficial desde 24 de setembro. À época, o Pumas do Torneio Apertura da Liga MX. A obsessão por ir à Copa levou Daniel Alves a treinar com o Barcelona B a fim de manter a forma física.
Tite jamais descartou Daniel Alves. Separou dois profissionais para monitorar o jogador fora do país. O auxiliar técnico César Sampaio e o fisiologista Guilherme Passos foram ao México observá-lo in loco e mantêm contato com o jogador. A palavra dos dois terá peso antes de o gaúcho de Caxias do Sul bater o martelo. "É uma das nossas lideranças, tem histórico que dispensa comentários e vive um momento de transição. Dani está se dedicando visando o melhor físico. Tem influência direta na adaptação desses meninos mais novos. Esteve na Olimpíada. É um elo. A gente segue acompanhando e ele está dentro da lista. O que fazemos é estar bem próximos dos atletas para que possamos fazer nossas escolhas", diz César Sampaio.
Daniel Alves chega vivo à última convocação por causa da experiência, liderança e a coleção de títulos na carreira, mas também devido à crise na lateral direita. Faltam opções minimante confiáveis para a função de estepe do titular Danilo. Nomes como Émerson Royal, Fagner, Gabriel Menino, Marcinho, Marcos Rocha, Mariano e Rafinha tiveram oportunidade. Nenhum encantou Tite. Daí a possibilidade de ele levar apenas Danilo. Ele confia na versatilidade do zagueiro Éder Militão e do volante Fabinho para assumir a função em caso de emergência. A novela de Daniel Alves é fundamental para aumentar ou reduzir vagas em outros setores.
Philippe Coutinho é outro suspense. Homem de confiança na Era Tite, o meia virou um dos xodós do técnico. Foi chamado até mesmo quando amargava a reserva no Barcelona. É um dos melhores intérpretes do sistema de jogo da Seleção. Sabe exatamente o que o treinador deseja dele. Ontem, o comandante do Aston Villa, Unai Emery, deu pistas de que ele não irá à Copa. "Coutinho está machucado. Não sei por quanto tempo será, mas é lesão muscular", lamentou. Um médico do clube inglês detalhou a lesão em conversa com o doutor Rodrigo Lasmar. O jogador nem foi relacionado na derrota de ontem do Aston Villa para o Manchester United, por 3 x 1.
Tite dificilmente repetirá erros da convocação de 2018. Há quatro anos e meio, insistiu com jogadores lesionados ou mal fisicamente. O meia titular Renato Augusto era um deles. O técnico bancou a convocação e quase viu o pupilo evitar a queda contra a Bélgica nas quartas de final.
Por Correio Braziliense
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