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Guerra na Ucrânia: Negociações surgem no horizonte de Zelenski

O número de pessoas que já deixou o país chega a 268 mil, segundo agências humanitárias e postos fronteiriços


A terceira noite passou e Kiev continua sem cair. O quarto dia começou marcando com mais clareza a investida militar da Rússia e abrindo uma série de gestos para um possível cessar-fogo e, talvez, até mesmo algum tipo de acordo de paz. Domingo é dia de missa e as lideranças dos dois países voltaram a frequentar as igrejas. O presidente Zelenski já está com cara de mártir. Só cara, pois vê a Europa e o mundo a protestar contra o presidente Putin e os mais ricos mandar dinheiro e armas, que é do que ele precisa mais agora, para chegar menos fraco à mesa de negociações.


Do ponto de vista militar, analistas ouvidos pelas redes de mídia, todos eles bem distantes do teatro de operações, dizem que Putin optou pela ação mais lenta, segura e contínua. Perguntado sobre o porque da lentidão russa em tomar Kiev, o coronel Dias, um competente analista militar em Lisboa, respondeu com a mais clássica lógica portuguesa: "Porque Moscou não se decidiu ainda por um ataque total". Simples, mas contraria um bom grupo de especialistas, em Portugal e outros países, que insiste em destacar, primeiro, a suposta bravura dos defensores ucranianos da capital. Depois passam para outras informações, onde sobressai o desenho de uma Ucrânia cercada em todos os quadrantes, com a capital e o centro livres, ainda que sob o fogo dos russos. Durante o dia a guerra volta a ser de propaganda.


Fato novo é o número de pessoas que já deixou o país, 268 mil, segundo agências humanitárias e postos fronteiriços. E mais: estima-se em cinco milhões de pessoa o número daqueles que poderão tornar-se refugiados como consequência da guerra. A primeira chance para uma paz aqui. E se reforça nas reações internas em Moscou e nas principais cidades russas, com manifestações contra a guerra e números incertos de detenções desses manifestantes. De dezenas a milhares, segundo a emoção da fonte informativa.


O que é certo, além de Putin ter ido à missa e feito um discurso público de incentivo e agradecimento aos soldados, "heróis" front, é que a classe média das grandes cidades, os empresários que terão suas contas congeladas e poderão deixar de operar no sistema financeiro internacional, e dos opositores de sempre, aumenta o número de russos insatisfeitos com as ações do líder. O russo médio pode gostar de ser poderoso, mas desde o fracasso no Afeganistão e do fim da União Soviética ele não gosta mais de guerra.


Às 18 horas, horário de Bruxelas, os 27 ministros de Relações Exteriores da União Europeia terão nova reunião para decidir novas sanções contra a Rússia e Putin. A possibilidade de paz aumenta. Já se discute um local mais ou menos neutro, aceitável pelos dois lados e as delegações estão a preparar-se. Até lá, todos os dados seguem sobre a mesa do jogo da guerra.









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