João Doria vai focar em sua pré-campanha para presidente da República; a cerimônia de transição será realizada no Palácio dos Bandeirantes
CANAL NBS
São Paulo – O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), deverá realizar seu evento de despedida do cargo nesta quinta-feira (31/3), quando passará o bastão para seu vice, Rodrigo Garcia (PSDB). A cerimônia de transição será realizada no Palácio dos Bandeirantes, às 16h.
Estarão presentes centenas de prefeitos de diversas cidades do estado, bem como secretários, muitos que também deixarão seus postos.
O evento, intitulado O Novo Municipalismo na Construção da Democracia, encerra a 64ª edição do Congresso Estadual de Municípios. Por isso, prefeitos foram convidados. Está tudo certo para que, ao fim de seu discurso, Doria transmita o cargo para o vice.
Doria pretende concorrer à Presidência da República e, inicialmente, deixaria o cargo só em 2 de abril, data-limite estipulada pela Justiça Eleitoral para a desincompatibilização. Entretanto, o anúncio acabou adiantado para esta quinta, segundo a equipe do governador. A partir do próximo mês, o tucano deve viajar pelo país, a começar pelo Nordeste e pelo Norte.
Mudará o governador e também a composição do governo paulista. Ao menos dez secretários estaduais devem deixar seus postos para concorrerem nas eleições de outubro para cargos do Legislativo federal e estadual ou para se dedicarem a outras atividades políticas.
Há ainda quem sairá para focar na iniciativa privada, como a secretária de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen, que empreenderá na área da economia sustentável.
O projeto de gestão igualmente deve mudar: membros do governo avaliam que Garcia terá um estilo mais discreto, com menor frequência de coletivas e eventos públicos, ao mesmo tempo em que mostrará enfoque no interior
Resistências internas e desafios
Doria se posiciona como interessado em disputar o Palácio do Planalto desde o meio do ano passado, mas, como não foi o único dentro do PSDB com tal intenção, o partido realizou uma eleição prévia interna em novembro. A ideia era definir quem seria seu candidato: se o paulista, o então governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, ou o ex-senador Arthur Virgílio.
O ocupante do Palácio dos Bandeirantes saiu como o vencedor do pleito, mas a disputa parece nunca ter tido fim. Ele ainda enfrenta resistências interna e externamente.
Até hoje, um grupo aliado de Leite – que tem como principal expoente o deputado Aécio Neves – insiste que o gaúcho deve ser o candidato tucano na eleição federal, por ter menos rejeição que o paulista.
Na última segunda-feira (28/3), Leite renunciou ao cargo de governador do Rio Grande do Sul. Ele cogitou ir para o PSD, mas desistiu e segue no PSDB. Agora, a ala pró-Leite dentro da legenda busca alternativas para depor Doria do posto de candidato.
Aliados do paulista avaliam que qualquer medida que desrespeite o resultado das prévias seria inviável legalmente, e fatalmente acabaria derrubada pela Justiça. Para eles, a falta de um posicionamento rígido e objetivo do presidente nacional da legenda, Bruno Araújo, é tida como um dos motivos que possibilitam essa discussão.
Fora do PSDB, o problema de Doria é o baixo desempenho nas pesquisas de intenção de voto: não chega a 5% em nenhuma análise. Ele representa uma das figuras da chamada “terceira via”, que está pulverizada e até agora não conseguiu alavancar nenhum nome com reais chances de vitória.
Por isso, ele vem dialogando com outros pré-candidatos da centro-direita, como Simone Tebet (MDB), com líderes do União Brasil e do Cidadania (com quem os tucanos fecharam uma federação) e se diz aberto também para conversar com Sergio Moro (Podemos). Além disso, não descarta deixar sua candidatura em prol de um “projeto de país” e de uma terceira via mais forte.
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