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Corregedoria da Câmara de SP aprova cassação de vereador por racismo

Cassação de Camilo Cristófaro (Avante) terá de ser confirmada pelo plenário da Câmara para que ele perca mandato; vereador não foi à sessão

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São Paulo – A Corregedoria da Câmara Municipal de São Paulo aprovou, nesta quinta-feira (24/8), por 5 votos a 1, o processo de cassação do vereador Camilo Cristófaro (Avante), que em maio de 2022, durante sessão no plenário da Casa, teve um áudio vazado em que dizia que não lavar a calçada era “coisa de preto”.


A cassação ainda precisa ser confirmada pelo plenário antes de o parlamentar perder o mandato. Caso seja, será a primeira vez na história da Câmara paulistana que um parlamentar será cassado por racismo — os últimos vereadores cassados na cidade perderam o cargo em 1999, em meio ao escândalo da Máfia dos Fiscais.

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Camilo não participou da sessão e não quis comentar a decisão da comissão. Formalmente, o processo contra Camilo terá de seguir para a Comissão de Constituição de Justiça (CCJ), que emitirá um parecer sobre a resolução aprovada pela Corregedoria e o enviará ao presidente da Câmara, Milton Leite (União). Leite, então, pautará a sessão no plenário pela cassação, o que deve ocorrer no próximo dia 5 de setembro.


Racismo recreativo

Camilo argumentou, no processo, que a fala era parte de uma brincadeira que ele fazia com outra pessoa e que terminou vazada involuntariamente no microfone da Câmara.


Ativistas de movimentos negros fizeram protestos na frente da Câmara e no auditório da Corregedoria a favor da votação. “Existe o racismo recreativo, que é o racismo de piada, então foi muito irracional a sentença que o juiz deu”, afirmou o ativista Diogo Dias, um dos manifestantes.

A votação na Corregedoria foi de um relatório elaborado pelo vereador Marlon Luz (MDB), relator do processo. Ele comentou a decisão da Justiça, que ocorreu quando ele já estava com o processo. “A Justiça julgou um caso de racismo. Ela entendeu, e eu questiono, que aquilo não era racismo”, disse. “A decisão da Justiça não interfere uma questão de quebra de decoro”, afirmou.

Sobre a votação do caso no plenário, Marlon defendeu que a cassação seja mantida. “Acredito que quem votar contra o relatório está votando a favor do racismo”, afirmou.

Votação

Na votação, os vereadores Alessandro Guedes (PT), Aurélio Nomura (PSDB), Danilo do Posto (Podemos) e Silvia Navarro, da Bancada Feminista (PSol), acompanharam o relatório de Marlon. Já o parlamentar Sansão Pereira (Republicanos) se absteve. Diante do placar presidente da Corregedoria, Rubinho Nunes (União), não precisou votar.


“Sou a favor de uma punição (pelas falas do vereador), mas não da cassação”, disse. “Acredito que toda pessoa, quando é penalizada, tem de ter a oportunidade de provar que mudou. A cassação não dá a oportunidade de a pessoa provar que ela mudou”, afirmou.

A leitura dos votos ocorreu em meio a um plenário dividido entre um grupo de apoiadores de Camilo e um grupo maior, de ativistas de movimentos negros e apoiadores das vereadoras Luana Alves e Elaine do Quilombo Periférico (ambas do PSol), que primeiro identificaram a fala do vereador, durante a sessão de maio do ano passado.


Quando o resultado saiu, houve discussão entre os dois grupos, que durou cerca de dois minutos e terminou quando guardas-civis metropolitanos entraram no auditório.

Elaine afirmou que a decisão é histórica. “Até hoje, nenhum vereador tinha sido julgado e condenado pela Corregedoria por caso de racismo com cassação. Aqui mesmo na Câmara, houve um outro episódio, nessa mesma legislatura, vereador foi penalizado com advertência verbal”, disse — referindo a um episódio envolvendo o vereador Arnaldo Faria de Sá, morto no ano passado.



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