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Centenas de famílias em Gaza fogem de forma caótica após ultimato de Israel

Movimento em massa de civis é feito por uma única estrada; moradores se deslocam a pé, de carro, em motos e caminhões


A partir de Gaza, um grande número de famílias optou por se deslocar a pé, de carro, em motos e caminhões, inclusive transportando vacas e camelos. Isso ocorre nesta sexta-feira, em resposta à ordem de evacuação emitida por Israel, que exigia que 1,1 milhão de pessoas se dirigissem para o sul da cidade, antecipando a possibilidade de uma incursão terrestre do Exército israelense no enclave palestino. A movimentação em massa dos civis representa um cenário caótico e extremamente perigoso, pois está concentrada em uma única estrada, em uma das áreas mais densamente habitadas da Cidade de Gaza. Diante do ultimato israelense, o Hamas recusou a ordem de retirada dos civis.



A ordem de retirada abrange toda a Cidade de Gaza, bem como dois extensos campos de refugiados, Jabalya e Beach. Além disso, engloba as cidades de Beit Hanoun e Beit Lahia, ambas contíguas ao principal ponto de passagem de Erez, localizado no extremo norte da Faixa de Gaza. A Cidade de Gaza abriga aproximadamente 600 mil habitantes. Jabalya, sendo o maior campo de refugiados na Faixa de Gaza, conta com 116 mil residentes, enquanto em Beach vivem outras 90 mil pessoas. No conjunto, a região conta com pelo menos seis hospitais.

Nesta sexta-feira, o porta-voz das Forças de Defesa de Israel, Daniel Hagari, declarou que as forças militares reconhecem que a retirada exigirá um período considerável. A escassez de combustível é uma realidade, e as vias da Cidade de Gaza encontram-se obstruídas por destroços resultantes dos ataques aéreos israelenses nos últimos dias — e até o momento, não há indícios de que esses ataques tenham cessado.

O Hamas emitiu uma ordem de retirada categórica, afirmando: "Nosso povo palestino rejeita veementemente a ameaça dos líderes da ocupação (israelense) e suas exortações para abandonar suas residências e buscar refúgio no sul ou no Egito", conforme comunicado pelo grupo terrorista.

O porta-voz das Brigadas al-Qassam, o braço militar do Hamas, instou os habitantes de Gaza a "permanecerem resilientes". Abu Obaida, em uma declaração transmitida pela rede al-Jazeera, dirigiu-se aos palestinos que residem em Gaza, declarando que os alertas de Israel constituíam uma "guerra psicológica" destinada a "criar uma imagem falsa de vitória".

O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, fez uma analogia entre o deslocamento em massa de civis e o exílio de 1948. Em um comunicado divulgado pela agência oficial de notícias palestina Wafa, Abbas afirmou: "Este seria um segundo Nakba (catástrofe em árabe) para o nosso povo". A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (Unrwa) classificou a ordem de Israel como "horrenda".




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