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Cantor gospel e gay, Gil Monteiro lança livro sobre autenticidade e fé

Em seu livro Será Que Ele É?, Gil Monteiro conta sua trajetória no catolicismo e como foi assumir sua sexualidade no ambiente conservador


CANAL NBS No cenário da música gospel católica, um nome se destaca não apenas pela sua voz e talento, mas também pela coragem de assumir sua verdadeira identidade. Gil Monteiro, conhecido cantor gospel, surpreendeu os fãs e a comunidade religiosa ao revelar publicamente sua orientação sexual e lançar um livro provocador intitulado Será Que Ele É?.


Gil, que soma mais de 2 milhões de plays no Spotify, se assumiu homossexual em 2022, durante uma live no Instagram, onde acumula mais de 40 mil seguidores. No livro, lançado no fim do ano passado, o cantor conta sobre a sua trajetória dentro do catolicismo, da música, e como foi assumir sua sexualidade neste meio conservador.


Em entrevista ao Metrópoles, o cantor conta como surgiu a ideia de transformar sua história em um livro. Segundo Gil, após “sair do armário”, muitas pessoas que fazem parte da comunidade LGBTQIAP+ o procuraram para desabafar sobre o assunto.


“As pessoas queriam falar, mas também ouvir como eu lidei com determinadas situações. Entendi que conversar ajuda muito. Sem querer, acabei me tornando referência para muitas pessoas LGBTs+ que sofrem dentro dos armários da religião. Imediatamente entendi que um livro com algumas dessas minhas vivências poderia ajudar ainda mais gente, para que vejam luz no fim do túnel”, explica.

Ele se assumiu homossexual em 2022
Ele se assumiu homossexual em 2022

Apesar da intenção de ajudar outras pessoas ao escrever o livro, Gil revela que o processo de construção do exemplar foi terapêutico, apesar de doloroso, em alguns momentos.


“Um exemplo disso, é um dos capítulos onde menciono um abuso pelo qual passei quando eu já era adulto. Eu nunca havia percebido aqueles fatos como abuso, mas ao escrever e ler o que saiu do meu coração, entendi completamente a situação, pude dar nome, e ressignificar o que passei”, conta.

Na obra, o cantor também menciona o relacionamento que teve com um sacerdote: “Isso me fez querer trazer um pouco de luz e questionamentos a respeito do clero católico que não lida direito com a sexualidade dos próprios padres. Me deu orgulho ver minha trajetória”.

Fé e carreira

Gil Monteiro já esperava os ataques e discriminação que recebeu após se assumir, porém, não deixou isso abalar sua fé.


“Participo de missas onde eu sei que não serei constrangido, vibro com os pequenos avanços que vejo nos discursos e documentos do Papa Francisco, acredito firmemente que Deus me criou propositalmente como um homem gay, e nada melhor do que viver e amar da forma como ele me criou”, ressalta.

Por outro lado, a carreira como cantor foi abalada. Segundo o artista, ele deixou de ser convidado para eventos onde cantava e foi completamente “banido” do mundo da música gospel. Ele também é engenheiro civil e afirma que, por isso, consegue se manter. “Se eu dependesse da música para sobreviver, meus irmãos cristãos me deixariam passar fome”, lamenta.

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