Brasileiros nos EUA enfrentam medo e mudanças na rotina diante de ameaças de deportação

Comunidade brasileira vive tensão e insegurança com políticas migratórias mais rígidas

REDAÇÃO NBS

A promessa do presidente Donald Trump de intensificar as deportações em massa está transformando a vida de muitos brasileiros que residem nos Estados Unidos sem visto ou green card. Relatos indicam que muitos estão evitando frequentar supermercados, igrejas e eventos da comunidade, vivendo sob constante medo e tensão.

Casos como o de Lucas dos Santos Amaral, pintor que vive na região de Boston, ilustram essa realidade. Em uma manhã de segunda-feira, Lucas foi detido por agentes do ICE (Imigração e Alfândega dos EUA) durante uma operação. Ele está no país há sete anos, após entrar com visto de turista, e não possui antecedentes criminais. Atualmente, aguarda a possibilidade de responder ao processo em liberdade mediante pagamento de fiança.

A comunidade brasileira nos EUA é significativa, com quase dois milhões de pessoas, das quais aproximadamente 230 mil estão em situação irregular. Desse total, cerca de 40 mil já possuem ordem final de deportação, segundo dados do ICE.

O influenciador mineiro Junior Pena, residente nos EUA há 15 anos, observa que a retórica mais dura de Trump já está impactando aqueles sem status migratório regular, mesmo sem histórico criminal. Alguns brasileiros estão optando por retornar ao Brasil voluntariamente para evitar os riscos e constrangimentos de uma deportação forçada.

Recentemente, um voo com deportados brasileiros que desembarcaram em Manaus algemados e acorrentados gerou grande repercussão. Embora o uso de algemas durante voos de deportação seja uma prática comum, o governo brasileiro classificou o tratamento como "degradante". Entre outras questões, os deportados teriam enfrentado horas de calor intenso devido a uma pane no ar-condicionado da aeronave.

Advogados têm orientado imigrantes a evitar aglomerações, como cultos religiosos, temendo que esses locais estejam no radar de agentes migratórios. Uma ordem executiva de Trump autorizou buscas a migrantes irregulares em locais antes considerados protegidos, como igrejas, escolas e clínicas médicas.

O governo Trump defende que a imigração irregular traz criminosos aos Estados Unidos e colocou o tema como prioridade em seu segundo mandato. O presidente afirmou, durante a campanha, que os imigrantes ilegais estão "envenenando o sangue" do país.

Vale lembrar que deportações não são novidade nos Estados Unidos. O governo de Joe Biden deportou um milhão e meio de imigrantes em quatro anos, cifra semelhante à do primeiro mandato de Trump. Barack Obama repatriou mais de três milhões de imigrantes. Agora, Trump promete o maior programa de deportações da história dos EUA.

Em contrapartida, sociólogos, economistas e ativistas pelos direitos humanos afirmam que os imigrantes são parte crucial da sociedade, cultura e economia americanas.

Comentário

A crescente insegurança entre os imigrantes brasileiros nos Estados Unidos reflete um clima de medo que afeta não apenas aqueles em situação irregular, mas também suas famílias no Brasil. A incerteza sobre o futuro e a possibilidade de separação familiar geram angústia e preocupação, evidenciando a complexidade e o impacto humano das políticas migratórias.

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