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Bolsonaro já sugeriu tortura para quem tenta se calar em CPI, como faz Pazuello

Hoje acuado pela CPI da Covid, que foi instalada no fim de abril para apurar a responsabilidade do governo por falhas de gestão na pandemia, Bolsonaro atua política e juridicamente para reduzir seu desgaste e eventuais consequências

© Getty Images CANAL NBS POR FOLHAPRESS POLÍTICA BOLSONARO-CPI O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que hoje vê aliados irem ao STF (Supremo Tribunal Federal) para ficarem em silêncio na CPI da Covid, já defendeu tortura para um depoente que invocou o direito em uma comissão negativa para Fernando Henrique Cardoso (PSDB). "Dá porrada no Chico Lopes. Eu até sou favorável que a CPI, no caso do Chico Lopes, tivesse pau de arara lá. Ele merecia isso: pau de arara. Funciona! Eu sou favorável à tortura, tu sabe disso. E o povo é favorável a isso também", disse Bolsonaro em uma entrevista em 1999. Na participação no programa "Câmera Aberta", da Band, ele também falou que governos não deveriam temer CPIs que expusessem "a verdade".


Relembre no video ao lado: :

Ex-presidente do Banco Central, Lopes se recusou naquele ano a depor à CPI dos Bancos como testemunha. Aconselhado por advogados, ele pediu que fosse ouvido como acusado, salvo-conduto para ficar em silêncio ou dar respostas que não o incriminassem, direito previsto na Constituição.


Indiciado pela Polícia Federal, o economista se negou a assinar o termo de compromisso como testemunha, que o obrigava a falar somente a verdade. Após um intenso embate com parlamentares, Lopes saiu do Senado preso por desacato e desobediência. O STF acabou concedendo a ele a liberdade e a prerrogativa de ser tratado como testemunha e, com isso, evitar produzir prova contra si mesmo, em uma decisão que se tornaria paradigmática.

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, disse em 2016 que usar um habeas corpus preventivo para se manter em silêncio era ato de covardia. Ele fez a queixa sentado ao lado do pai, à época também congressista, durante a CPI da Funai, na Câmara. "Eu fico muito triste em ver esse tipo de atitude. [...] Vagabundo, tá no meio dele, tá com aquela claque comprada lá no Palácio do Planalto, ele fala o que ele quiser. É o valentão. É o maioral. Chega aqui na frente da gente, olha até para baixo", afirmou Eduardo. "Isso é conduta de covarde. Não tem um pingo de vergonha na cara, fica aí engolindo seco. Fala aí agora a verdade", continuou, dirigindo-se ao representante de uma entidade de trabalhadores rurais que havia sido beneficiado por liminar do STF na ocasião.


Outro aliado que teve uma afirmação resgatada em redes sociais foi o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni (DEM-RS). Em uma postagem de 2015 no Twitter sobre a CPI da Petrobras, ele escreveu que "só bandido" se vale do silêncio. "Cerveró ouviu de mim que em CPI quem se vale do direito 'ficar calado' tem coisa a esconder, só bandido usa disso", disse em referência ao ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. Hoje membro da tropa de choque bolsonarista, o então deputado fazia oposição ao governo Dilma Rousseff (PT).



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