Do Parque São Vicente, Ronaldo Silvério relembra infância e usa vivências passadas para criação de suas artes; exposições devem chegar à região.
CANAL NBS
Fauna, flora, povos indígenas, gastronomia, religião… são vários os aspectos que, dentro de suas pluralidades, definem o povo brasileiro. Um deles, porém, é símbolo de coletividade, ao reunir onze pessoas em busca de um objetivo, e de paixão, ao juntar milhões de famílias em frente à televisão toda vez em que o apito inicial toca. A maior paixão nacional, o futebol, levou o artista plástico Ronaldo Silvério da Silva, 55 anos, do Parque São Vicente, em Mauá, para o 8º Salão Internacional de Arte Brasileira em Liechtenstein, na Europa.
Nas arquibancadas do campo do Beira Rio, no bairro onde viveu por mais de 30 anos, ele relembra os momentos de liberdade na infância, jogando bola e brincando com os amigos. Das suas vivências, temas centrais de suas obras, nasceu Fraternitas, fraternidade em latim, um dos projetos selecionados para o 8º Salão de Arte europeu e que pode ser conferida na imagem abaixo. Produzida usando a técnica de tinta acrílica, a obra retrata as torcidas unidas, com uma única bandeira, na qual, segundo o artista, todas as diferenças são eliminadas.
“Tive uma primeira ideia, que eram vários braços segurando uma bola, mas quando desenhei ficou horrível, tive que mudar. Juntei, então, cinco torcedores de cada continente. Uma do Irã, simbolizando a diversidade, pois, no seu país existe certa proibição da presença de mulheres em estádio; outro da África do Sul, com um símbolo de resistência contra o racismo no peito; a brasileira, trazendo uma mensagem de fé e a bandeira LGBTQIA+ no rosto contra a homofobia; um torcedor de Liechtenstein, com os dizeres Stop War (Pare a guerra, em tradução livre) no ombro; e a última da Austrália, levando uma mensagem de acessibilidade para pessoas com deficiência”, ressalta Ronaldo.
O evento, que começou dia 17 de julho e vai até amanhã, traz o trabalho de mais outros 54 artistas brasileiros. No fim, haverá premiação de 1°, 2°, e 3° lugares. Os vencedores recebem um troféu e um certificado. A curadoria foi realizada por Bruno Portella e Petra Buchell. A Casa Brasil Liechtenstein, onde acontece o evento, foi fundada em dezembro de 2012, para promover e divulgar a cultura, literatura e as artes brasileiras.
HISTÓRIA
“Vim para Mauá ainda pequeno, na época, com cinco anos. As lembranças que tenho são daqui, onde passei quase toda a minha vida. Quando cresci tinha muito mais verde. Minha conexão com a natureza vem muito disso, e ela é um dos principais temas do meu trabalho”, afirma Ronaldo. Bacharel em Química, o artista demorou a ingressar na área das artes, em 2016, com 49 de idade, após trajetória de 30 anos no desenvolvimento de cores na indústria, especificamente para o setor automotivo.
“Na primeira série fiz meu primeiro desenho, uma onça. Sempre gostei de desenhar e ter um lápis na mão, mas chegou uma hora que precisava começar a trabalhar, pois minha família era humilde. O sonho se separou da realidade”, relembra Ronaldo. Hoje, atuando exclusivamente como artista plástico, ele trabalha com diversas plataformas e técnicas, com uso de pinceladas ou traços expressivos, sempre com muita cor e movimento.
As primeiras obras eram retratos de duas indígenas, expostas em um encontro de artistas em Paraty, que Ronaldo decidiu ir após o incentivo de amigos. Os trabalhos foram vendidos rapidamente. “É um sonho de infância que se realizou muito depois. Ano a ano, venho procurando crescer, degrau a degrau, com exposições no Brasil e agora internacional”, finaliza.
Ronaldo planeja, ainda neste semestre, abrir exposições na região, em Mauá e Santo André, com datas a serem anunciadas por meio de suas redes. É possível conhecer ainda mais o trabalho de Ronaldo por meio de seu Facebook (https://www.facebook.com/ronaldosilverio.art/), Instagram (@ronaldosilverio.art) e site oficial (www.ronaldosilverio.com), por onde é possível adquirir as obras do artista.
POR DIÁRIO DO GRANDE ABC
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