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ABC, Guarulhos e Osasco registram movimento intenso no comércio após mudança de fase

Mesmo com a antecipação da abertura do comércio para a última sexta-feira, Guarulhos registrou boa movimentação no centro da cidade, principalmente na rua D. Pedro, um dos principais centros de comércio popular

Na foto movimentação em lojas na 25 de março.  Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO


Os 38 municípios da Grande São Paulo passaram a partir desta segunda-feira, 15, da fase vermelha da quarentena, com funcionamento dos serviços essenciais, para a fase laranja, que permite a abertura com restrição de algumas atividades econômicas. O movimento no comércio foi intenso noABC,GuarulhoseOsasco. Embora a medida tenha sido adotada em função da redução do números de casos decovid-19e aumento do número de leitos de internação nos municípios, especialistas apontam queos casos podem aumentar nessas regiões e também na capital a partir da reabertura.

Mesmo com a antecipação da abertura do comércio para a última sexta-feira, Guarulhos registrou boa movimentação no centro da cidade, principalmente na rua D. Pedro, um dos principais centros de comércio popular. Na entrada das lojas, fitas adesivas limitavam a entrada. O uso de máscara foi maciço, mas poucas lojas mediam a temperatura ou disponibilizam álcool em gel na entrada.

O movimento só não foi maior porque inúmeras lojas que estavam abertas antes da pandemia exibiam faixas de “vende-se” ou “aluga-se”, evidenciando o tamanho da crise causada pela quarentena que causou perdas da ordem de 70% a 80% para o setor. “Nesses primeiros dias, o movimento ainda está abaixo do esperado. Alcançamos apenas 50% do que queríamos. As pessoas ainda estejam com receio de sair”, avalia Silvio Alves, presidente da Associação Comercial de Guarulhos. 

A segunda cidade mais populosa do estado decidiu antecipar a abertura depois de reduzir o índice de ocupação dos leitos de UTI. Depois de chegar próximo aos 100% de ocupação, os dados de segunda-feira foram 73%. Foram construídos mais 10 leitos no hospital de campanha, além da contratação de leitos na rede particular. 

Nesta fase laranja, shoppings centers, comércio de rua e serviços em geral podem funcionar com capacidade limitada a 20%, horário reduzido e adoção dos protocolos específicos. Fica proibida a abertura de bares e restaurantes para consumo local, salões de beleza e barbearias, além das academias.

A prefeitura de Santo André instalou no centro da cidade pit stops nos principais corredores comerciais, com higienização com álcool em gel, medição de temperatura e distribuição de máscaras. No calçadão, as filas se formaram antes da abertura das grandes lojas. Mesmo com marcações no chão na entrada dos estabelecimentos, houve aglomerações. Pedro Cia Junior, presidente da Associação Comercial e Industrial de Santo André, avalia o movimento entre 60% a 70% dos dias anteriores à pandemia. A expectativa dos lojistas é que esse movimento se mantenha nos próximos dias.


"O que nos levou à abertura foi o fato de a capital abrir, com índices piores que os da nossa região. O andreense não poderia ficar em risco e ter de se deslocar no transporte coletivo para fazer compras, diminuindo o isolamento social. Essa descentralização da abertura foi idealizada para evitar aglomerações”, afirma Paulo Serra, prefeito de Santo André (PSDB).

O prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando (PSDB), afirma que as cidades precisam retomar a atividade econômica e, simultaneamente, controlar o número de casos de covid-19. Hoje, 71% dos leitos de UTI da cidade estão ocupadas. “Nosso desafio é manter a ocupação dos leitos nos níveis atuais, sem elevação dos casos. Para isso, é fundamental a colaboração da população".

Especialistas veem risco de novos casos

Ao anunciar o plano para saída da quarentena no estado, o governador João Doria (PSDB) afirmou que as medidas de isolamento tinham evitado o colapso do sistema de saúde e, com isso, viabilizando a retomada. Mas especialistas consideram que ainda é cedo para reabertura. 

O virologista Paulo Eduardo Brandão, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP), explica que o período de incubação para covid-19 pode ser de duas semanas, ou seja, a pessoa pode ter o vírus, transmiti-lo, mas ainda parecer saudável. Além disso, pessoas que já tiveram alta após a doença podem estar eliminando o vírus. “Considerando-se tudo isso, a permissão para as pessoas frequentarem locais e situações de alta aglomeração pode levar a um aumento de casos”, avalia. 

Domingos Alves, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, alerta para o risco de flexibilização no momento do aumento do número de casos. “Somos o único País do mundo que criou a abertura nesse cenário. Todos os indicadores mostram que os casos estão crescendo”, diz o especialista. “O número de casos vai aumentar dentro de quatro ou cinco dias. E aumentar 100%”, prevê o professor.

A taxa de ocupação de leitos de UTI subiu para 77,8% na Grande São Paulo e 70,8% no estado inteiro, de acordo com último boletim estadual de saúde. Neste domingo, os valores eram de 76,2% na Grande São Paulo e 69,2% no estado. Nesse cenário, Alves projeta maior pressão no sistema de saúde da capital. “Cerca de 15% dos casos, em média, necessitam de internação. Com o colapso do sistema de saúde região metropolitana, cidades como Guarulhos, por exemplo, que sempre estiveram perto da ocupação total dos leitos, vão recorrer a São Paulo. Foi o que aconteceu com Campinas e Ribeirão Preto”, alerta.

Gustavo Henric Costa, Guti, prefeito de Guarulhos (PSD), revela que pode retroceder, se necessário. “Estamos preparados para um possível crescimento no número de internações, caso ocorra. No primeiro dia de reabertura, a taxa de isolamento social caiu apenas 1%. Na sexta-feira, 12, foi de 44%. Seguimos com nossas campanhas para que a população permaneça em casa e saia somente se for necessário. Se os números subirem a níveis que comprometam a capacidade de atendimento médico, poderemos sim voltar atrás”, diz o prefeito de Guarulhos.

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